Dom Ignatius Kaiagama pede, aos
bispos brasileiros, solidariedade fraterna e denuncia situação na Nigéria.
O
arcebispo de Jos e presidente da Conferência Episcopal da Nigéria, dom Ignatius
Kaiagama, pediu à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), nesta quarta-feira, 13, solidariedade fraterna à situação dos cristãos
perseguidos no país do continente africano. “Quando falo às pessoas vejo que
não há informações suficientes sobre nós. Muitos não têm ideia do que acontece
do outro lado do mundo”, disse aos bispos.
Após
informar que na Nigéria há apenas 54 dioceses e que o número de bispos não
chega a 70, dom Kaiagama apontou os muitos problemas enfrentados pelo país. “Há
o extremismo religioso, promovido pelo grupo Boko-Haram, islâmico terrorista, e
o problema de conflitos étnicos no país. A pobreza é a consequência destes dois
problemas. Há, inclusive, um caso de uma diocese que rejeitou o próprio bispo,
por ele não possuir a mesma etnia”, relatou.
Segundo o
bispo, “a Conferência de Bispos da Nigéria é a voz dos que não têm voz”.
Desde
2009, o grupo islâmico terrorista conseguiu conquistar uma parte do Nordeste da
Nigéria, onde estabeleceram o seu Califado. Dom Kaiagama recordou que há dois
anos, 219 meninas foram captadas e ainda estão mantidas em cativeiro.
“Além de
castigar e matar os cristãos, o grupo terrorista islâmico ataca os próprios
mulçumanos, dificultando os seus momentos de oração. Até o presente, duas
dioceses foram atingidas, com as atividades deste grupo. Atualmente,
centenas de milhares de pessoas estão desalojadas. Conventos e paróquias foram
fechados. O Seminário menor foi queimado. A minha Igreja, na arquidiocese de
Jos, foi atacada e muitas pessoas foram mortas”, denunciou.
Mesmo neste
contexto, o arcebispo observa que há muitos mulçumanos abertos ao diálogo e que
são moderados. Porém, ressalta que o grupo terrorista islâmico, Boko-Haram, por
sua vez, é irracional e insensível, indisposto ao diálogo. “Muitos
cristãos têm a tentação de querer lutar com os mulçumanos, quando tentamos
proteger a nossa fé e a identidade cristã. Não podemos nos fechar em nós
mesmos”, disse.
Dom Kaiagama
agradeceu o programa Igreja que sofre, que fez o convite para que ele viesse ao
Brasil. “Eles têm dado grande ajuda à formação dos catequistas e seminaristas,
que são quatro mil ao todo no país”, contou.
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