Arcebispo de
São Paulo apresenta exortação apostólica pós-sinodal à imprensa e destaca
perspectivas pastorais
O Vaticano
divulgou nesta sexta-feira, 08, a exortação apostólica pós-sinodal do papa
Francisco Amoris laetitia – sobre o Amor na Família. O texto é
fruto das reflexões da Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a
Família, realizada em outubro de 2015. Um ano antes, em 2014, o papa convocou
um Sínodo Extraordinário sobre o mesmo tema. O arcebispo de São Paulo (SP),
cardeal Odilo Pedro Scherer, participou dos debates como padre sinodal e
atendeu a imprensa na manhã de hoje para falar sobre o texto.
“A primeira
perspectiva pastoral que o papa propõe é o anúncio da boa nova do amor e da
família no casamento, no sentido de extrair da revelação divina, do evangelho,
do ensinamento da Igreja”, afirmou o cardeal, destacando a indicação de que o
casamento, a paternidade e a maternidade são coisas boas.
Diante da
expectativa de apresentação das diretrizes e linhas de ação sobre temas
práticos que dizem respeito à evangelização da família, o cardeal
descreveu à imprensa cada capítulo da exortação apostólica cujo título
pode ser traduzido como “Alegria do amor”.
Antes de
mostrar a forma de resolver os problemas que se apresentam na realidade da
família, o papa mostra como primeira perspectiva pastoral, de acordo com
dom Odilo, o anúncio da beleza e da importância que existe no amor e no
casamento. Depois do anúncio, há destaque para o acompanhamento pastoral
daqueles que se preparam para o casamento, que são recém-casados e que passam
por dificuldades.
O olhar
oferecido por Francisco, segundo o cardeal, se dá a partir do enfoque da
alegria, da beleza, da felicidade proporcionada pelo amor, pelo casamento,
olhando o valor bonito que existe no amor humano. “A fonte não cessa, por mais
que haja divórcios, separações, discursos contra o casamento, existem jovens
querendo casar. É da vocação humana. O papa tenta recuperar isso, a partir
desse enfoque, trata também das situações problemáticas”, observou.
Situações
delicadas
Conforme o
cardeal, as situações de fragilidade consideradas pelo papa, debatidos
durante as duas assembleias sinodais, devem ser encarados na perspectiva do
acompanhamento, do discernimento e do critério da gradualidade. Questões
semelhantes que já foram abordadas na exortação apostólica Familiaris
Consortio, de São João Paulo II, em 1981. Para dom Odilo, a nova
exortação não possui muitas mudanças em relação ao texto da década de 1980,
pelo contrário, reafirma as considerações daquela época.
Sobre a
comunhão para as pessoas recasadas, ou que ainda não são casadas e que já vivem
juntas, “o papa delega as coisas muito ao discernimento, ao acompanhamento
pastoral dos bispos e dos padres”, informa dom Odilo.
“O que o
papa insiste aqui é no acompanhamento pastoral e no discernimento dos pastores
da Igreja em relação a essas situações. Por outro lado, o papa também diz ‘há
inúmeras possibilidades dessas pessoas participarem da vida da Igreja, de não
sentirem excluídas da igreja, elas não estão excomungadas’. Existem muitas
formas de participação da comunhão na Igreja e de participação da vida da
Igreja, da vida missionária e pastoral onde essas pessoas podem e devem
participar”, ressaltou.
“Outra
questão que vem à tona, afinal, o papa liberou ou não libertou o casamento de
pessoas do mesmo sexo? Alguém esperava que o papa liberasse?”, indagou dom
Odilo aos jornalistas. “O papa certamente diz que o casamento só existe entre
homem e mulher. Portanto, as pessoas que eventualmente escolheram esse caminho
devem ser tratadas com respeito, mas não devemos pretender que seja reconhecido
pela igreja como casamento. Está dito claramente pelo papa que não se trata de
se fazer casamento de pessoas do mesmo sexo”, disse.
O
texto
A exortação
apostólica “Amoris laetitia” – sobre o Amor na Família, que será publicada em
breve pelas Edições CNBB, possui 9 capítulos. Segundo dom Odilo Scherer, ao
usar o método ver, julgar e agir, os dois primeiros capítulos apresentam o ver,
iniciando à luz da palavra de Deus. O terceiro corresponde ao julgar, a partir
do projeto de Deus para a família.
2. A realidade e os desafios das famílias
3. O olhar fixo em Jesus: a vocação da família
4. O amor no matrimônio
5. O amor que se torna fecundo
6. Algumas perspectivas pastorais
7. Reforçar a educação dos filhos
8. Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade
9. Espiritualidade conjugal e familiar
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