Presidência
da CNBB divulgou declaração sobre o momento nacional
Às vésperas
do encerramento da 54ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), a presidência da entidade divulgou a declaração sobre o momento
nacional, durante entrevista coletiva à imprensa, na tarde desta quinta-feira,
dia 14. O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência, dom Sergio da
Rocha, destacou que, no texto, o episcopado insiste “que, nos encaminhamentos
das decisões que são tomadas, que, de fato, se respeite, se preserve a ordem
jurídica e constitucional estabelecida”.
O texto,
aprovado pela Assembléia Geral da CNBB, corrobora as outras declarações da
Presidência, do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e do Conselho Permanente.
A leitura foi feita pelo arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da
entidade, dom Murilo Krieger.
“Uma das
manifestações mais evidentes da crise atual é o processo de impeachment da
Presidente da República. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha
atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias
competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de
direito”, diz o texto.
“A crise
atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que
assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da
República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade
e garanta os direitos sociais”, apontam os bispos.
O episcopado
brasileiro reforça a necessidade de que, de acordo com a Constituição Federal,
“os três Poderes da República cumpram integralmente suas responsabilidades”.
Para eles, “o bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais,
partidários e corporativistas. A polarização de posições ideológicas, em clima
fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e
violências que ameaçam a paz social”.
O presidente
da CNBB aproveitou a divulgação da declaração para recordar que as
manifestações têm que ser pacíficas. “É importante que quem vai se manifestar,
seja qual for a sua posição, deva fazer isso sempre num clima de respeito a
quem pensa diferente, buscando a paz, rejeitando a diferença. Nós não podemos
aceitar a violência como forma de manifestação de posição política, seja ela
qual for”, observou.
“Aqui há uma
responsabilidade muito grande das lideranças políticas, religiosas, autoridades
em geral, e até mesmo dos veículos de comunicação, porque nós vivemos um
momento de exercício da cidadania ou da vida democrática, mas que precisa ser
vivido na paz, no respeito a essa pluralidade ou, sobretudo, às diferentes
posições que estão se manifestando em relação a este problema do impeachment”,
ressaltou dom Sergio.
Sobre a
posição da CNBB em relação ao impedimento da presidente, dom Sergio deixou
claro que a missão da Igreja é profética, mas não é de caráter
político-partidário. “Nós, normalmente, não nos pronunciamos sobre pessoas,
partidos ou governos e um pronunciamento específico sobre esse tema,
inevitavelmente, implica num pronunciamento de caráter mais
político-partidário. E nós continuamos a nossa missão e dispostos a dialogar,
favorecer o diálogo, insistir e colaborar com aquilo que estiver ao nosso
alcance que esse diálogo aconteça”, ressaltou.
“Os senhores
e as senhoras que trabalham nos meios de comunicação, como jornalistas, sabem
do peso da palavra, mas também sabem das mil hermenêuticas que se podem fazer
às vezes de uma palavra. Então, nós não estamos usando aqui repetindo uma
expressão que tem sido repetida por muitas pessoas”, pontuou.
“E essa
declaração tem um pouco essa preocupação sim de seguirmos o Estado de Direito,
não podemos retroceder no diálogo, na escuta e essa expressão é muito preciosa
porque está na Constituição brasileira. Por isso, na Conferência, nós não temos
tido medo de usar, independentemente de quem tenha usado”, finalizou.
Dom Murilo
Krieger ressaltou que a preocupação do episcopado, “numa missão profética como
a nossa, é de apontar um caminho, mostrar por que direção se deve ir”, não de
julgar pessoas.
Avaliação da
Assembléia
Dom Sergio
da Rocha também falou aos jornalistas sobre as atividades desenvolvidas até
este momento na 54ª Assembléia Geral da CNBB. O arcebispo de Brasília destacou
a aprovação do documento “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade.
Sal da Terra e Luz do Mundo”, cuja temática esteve no centro dos debates.
“Nesses 10
dias, nossa pauta de trabalho foi, como sempre, muito intensa. Entre os
assuntos que nós abordamos houve a conjuntura político nacional, a
conjuntura eclesial e também a apresentação dos trabalhos dos textos
litúrgicos. Além disso, destacamos também os 60 anos da Caritas Brasileira, que
serão celebrados o dia 12 de novembro, mas aqui nós tivemos ocasião para
conhecer melhor e para celebrar esse trabalho”, elencou.
Ainda de
acordo com o bispo, assuntos como as Olimpíadas do Rio de Janeiro e a
celebração dos 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida, que
acontecerá em 2017, e o estudo sobre o dízimo tiveram a atenção
da 54ª Assembléia Geral.
Dom Sergio
também contou que, no dia 8 de abril, os bispos acolheram “com grande alegria”
a exortação do papa Francisco Amoris Laetitia – sobre o amor
na família. “Também acompanhamos as iniciativas da Repam, que é a Rede Eclesial
Pan-Amazônica, estudamos também a Carta Apostólica do papa Francisco sobre
forma de Motu Proprio, que trata da reforma do processo canônico para as causas
e declaração de nulidade do matrimônio, e, além disso, nós tratamos também do
próximo Congresso Eucarístico Nacional, que vai acontecer em Belém do Pará de
15 a 21 de agosto”, enfatizou.
Dom Sergio
falou ainda sobre a cerimônia de entrega dos Prêmios de Comunicação da CNBB e
sobre a primeira Romaria Nacional da Juventude, projeto que está integrado ao
Rota 300, iniciativa da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude que
recebeu milhares de jovens nos dias 9 e 10 de abril, em Aparecida.
Visitas
“Tivemos a
alegria de receber o secretário geral do Conselho Episcopal Latino Americano
(Celam), que é do México. Ele veio para nos apresentar um pouco a realidade do
Celam, e com isso, nós crescemos em comunhão com o episcopado da América
Latina. O presidente da Conferência episcopal da Nigéria também esteve aqui
conosco tratando da situação da igreja na Nigéria”, elucidou.
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