Presidente
da Comissão para a Amazônia apresentou, aos bispos, desafios da região
“Os desafios
conclamam a Igreja na Amazônia a ser missionária, misericordiosa e profética. É
preciso apresentar um rosto amazônico da Igreja. A Igreja só poderá encontrar
um rosto amazônico à medida que se envolver realmente”, disse o arcebispo
emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia,
cardeal Cláudio Hummes, à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), nesta quinta-feira, 7, em Aparecida (SP).
Dom Cláudio
apontou os desafios encontrados na ação evangelizadora na região amazônica e
apresentou os trabalhos da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam).
Segundo o
arcebispo, a região compreende, ao todo, 56 circunscrições eclesiásticas,
correspondendo a um pouco mais da metade do território brasileiro. A Comissão
para a Amazônia surgiu com a finalidade de acompanhar a ação evangelizadora do
local. “A Comissão foi criada para sensibilizar as pessoas para a missão na
Amazônia, um lugar onde existem muitas carências, inclusive materiais”,
relatou.
De acordo
com o cardeal, desde a criação da Comissão, houve um crescimento do número de
padres, religiosos e leigos missionários na Amazônia. “Este crescimento deve-se
ao fato de que também na formação presbiteral houve iniciativas de formação na
perspectiva de uma Igreja em saída, misericordiosa, pobre e para os pobres”,
explicou. Dom Cláudio acrescentou que também na formação permanente tem havido
iniciativas.
Desafios à
Igreja na Amazônia
Dom Cláudio
apontou como desafio a crescente urbanização. Conforme o arcebispo, trata-se de
uma realidade nova. Citou como exemplo a Ilha de Marajó, “descuidada pelo poder
público estadual e federal, com agravada situação de pobreza, miséria,
desemprego e abuso de menores”.
Falou sobre
o modelo de desenvolvimento econômico de exploração desenvolvimentista, que
reclama uma nova forma de relacionamento com o meio ambiente.
Lembrou,
ainda, o crescimento do número de evangélicos e a questão da evangelização dos
indígenas, historicamente, maltratados e descuidados pela sociedade
civil.
“A
Igreja e a sociedade têm enorme dívida com os indígenas, para que eles voltem a
ser protagonistas da sua história, inclusive, religiosa”, afirmou. Para o
cardeal, este reconhecimento apresenta outro desafio à Igreja no Brasil, que
consiste na formação de um clero autóctone e o despertar de forças da ação
evangelizadora, na própria população indígena.
Repam
Por fim, dom
Cláudio Hummes falou acerca da colaboração que Repam tem oferecido à América
Latina. O organismo, ligado ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam),
reúne nove países que compõem uma só Amazônia. A Repam foi fundada em
setembro de 2014, tendo como co-autores a CNBB e a Cáritas Latino-americana. A
Rede nasceu como uma oportunidade de apoio, solidariedade e fortalecimento da
ação evangelizadora no contexto amazônico. Atualmente, está estruturada nos
seguintes eixos: formação indígena, comunicação, redes intencionais e Igreja de
fronteiras.
Sobre os
trabalhos desenvolvidos, dom Cláudio lembrou que a Repam participou da COP 21,
convidada pela Cáritas Francesa. O organismo tem um comitê que cuida dos
trabalhos no Brasil e tem promovido seminários sobre a Laudato Sí em
diversas universidades do Brasil. Está previsto encontro da Igreja Católica na
Amazônia Legal, entre 14 e 18 de novembro que, nas palavras de dom Cláudio,
conferirá força à Igreja presente nesta macrorregião.
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